Memória descritiva

  A presente memória descritiva explica e contextualiza minuciosamente o desenvolvimento de todo o projeto, com um especial enfoque nos elementos básicos e técnicas de comunicação visual que foram utilizadas na composição gráfica e visual.

  • Relato de procedimentos

   O Adobe Photoshop foi o programa utilizado para a realização da composição visual. A escolha deste programa deve-se ao facto de já dominarmos certos conhecimentos e técnicas necessárias para o utilizar. Contudo, a principal razão que justifica a escolha deste programa recaí no facto de muito do trabalho ter sido executado manualmente. Desta forma, apenas utilizamos uma única ferramenta do Adobe Photoshop para finalizar o projeto. Neste caso em concreto foi usada a ferramenta de pintura para dar cor à composição que, por sua vez, já tinha sido previamente desenhada.

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O Adobe Photoshop foi o programa utilizado na fase final da elaboração da composição visual.

   Como referido anteriormente, para a realização da composição foi levado a cabo um processo, essencialmente, manual. Assim, com base nas fotos de inspiração, foram selecionados unanimemente os vários monumentos que incorporariam a composição. De seguida, decalcámos com papel vegetal as figuras selecionadas e, por fim, digitalizámos aquilo que seria a composição final.

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Durante a parte prática do projeto foi levado a cabo um processo, essencialmente, manual. Com papel vegetal decalcou-se as figuras selecionadas e, posteriormente, estas foram digitalizadas para serem trabalhadas no Adobe Photosop.

  • Os elementos básicos da Comunicação Visual

   Após uma breve descrição da composição visual e do conjunto dos procedimentos adotados, segue-se a fase de explicação dos elementos básicos visuais alusivos ao projeto desenvolvido. De facto, este trabalho foi extremamente importante na medida em que possibiltou a consolidação dos conhecimentos adquiridos em aula. Neste seguimento, procuramos, desde logo, estar particularemente sensíveis no que diz respeito aos elementos básicos da comunicação visual, não fossem estes a “substância básica daquilo que vemos” (Donis A. Dondis)

   Em primeiro lugar, vimos que o ponto é a unidade de comunicação visual mais básica, simples. Segundo o mesmo autor “apesar de ser considerado o elemento mais simples, qualquer ponto exerce sobre nós um enorme poder de atração”. Esta frase de Donis resume, de certa forma, a essência que delineamos para o projeto, isto é, criar uma composição visual simples e igualmente atrativa. Ainda neste âmbito, vimos que os pontos, quando se encontram próximos entre si, transformam-se em linhas. A linha é, efetivamente, um dos elementos visuais mais presentes na composição, uma vez que possibilita “apresentar, em forma palpável, aquilo que ainda não existe, a não ser na imaginação” (Donis A. Dondis). De facto, a linha é um dos elementos visuais mais importantes, daí a sua constante presença, quer no CD, quer na capa do mesmo.

   A linha conduz-nos a outro elemento básico fundamental: a forma. De entre as três formas básicas – o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero – existem duas que se encontram bastante presentes na composição visual: o quadrado e o círculo. A cada uma destas formas, todas elas figuras planas e simples, associa-se determinados significados: o quadrado representa a honestidade, retidão e esmero, enquanto o círculo simboliza a infinitude e proteção. Tal como se pode observar no esquema representado na figura 11, o círculo e o quadrado são as duas formas que foram utilizadas na composição visual.

   Por sua vez, a forma leva-nos a um outro elemento visual: a direção. O quadrado está associado à direção horizontal – vertical, aquela que, efetivamente, mais se destaca na composição. Este tipo de direção encontra-se diretamente relacionado com o equilíbrio. “A necessidade de equilíbrio não é uma necessidade exclusiva do homem; dele também necessitam todas as coisas construídas e desenhadas”. De facto, esta afirmação de Donis A. Dondis faz particularmente sentido no presente trabalho, uma vez que as “coisas desenhadas” representam os vários monumentos icónicos, ou seja, as “coisas construídas” que, quer no papel quer na vida real, necessitam de equilíbrio. Ainda neste sentido, torna-se importante mencionar que o círculo, outra forma básica presente na composição, possui forças direcionais curvas. Tal significa abrangência, repetição e calidez.

   A cor é considerada um dos elementos visuais mais importantes, na medida em que nos transmite uma enorme quantidade de informação. Tanto no CD como na capa do mesmo, a cor é o elemento-chave da composição, pois ambos são, de facto, bastante coloridos, procurando transmitir alegria, energia e vivacidade. Diz-se que “as cores falam todas as línguas” (Joseph Addison), como que existisse uma linguagem universal no que diz respeito ao mundo da cor. Na verdade, cada cor tem os seus próprios significados associativos e simbólicos. Por exemplo, o vermelho é uma cor que tem lugar muito presente na composição visual e representa paixão, energia, excitação. Ao contrário desta cor, o azul é uma cor fria e transmite tranquilidade, serenidade e harmonia. Estas foram duas das cores mais utilizadas, uma vez que os significados inerentes a cada uma destas cores vão ao encontro da mensagem, isto é, desfrutar da vida com paixão, energia para alcançar a harmonia e serenidade interior. Uma mescla de sentimentos e cores mas que, neste caso, conciliam perfeitamente. Foram também utilizadas outras cores, nomeadamente o amarelo, o verde ou o rosa, sempre em tons amenos e suaves.

   Desta forma, chegamos a um outro elemento básico visual: o tom. Sucintamente, podemos definir que o tom é a relativa luminosidade ou escuridão de uma cor. Entre a luz e a escuridão na natureza existem centenas de gradações tonais específicas. Procuramos, desde logo, evitar o uso de tonalidades escuras, optando por tons mais luminosos e suaves, nomeadamente o amarelo ou o branco. Tal como a escolha das cores, esta seleção de tonalidades mais suaves prende-se com a mensagem da música: ter uma vida repleta de luz, descontração, otimismo e alegria, despojada de qualquer tristeza, isolamento ou obscureza (significados associados às tonalidades mais escuras).

  Ainda neste domínio, é importante mencionar que toda a vivacidade de cores e tonalidades presente na composição se deve, em grande medida, à utilização da técnica da aquarela, sugerida pela docente da unidade curricular. A técnica da aquarela, também conhecida por “watercolor painting”, trata-se de uma técnica de pintura na qual os pigmentos se encontram suspensos ou dissolvidos em água. Em certas figuras procurámos aplicar esta técnica (nuvem ou balão de ar quente) que, na nossa opinião, funcionou visualmente muito bem.

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A técnica da aquarela, também conhecida por “watercolor painting”, foi uma das técnicas utilizadas bna composição e que, numa mescla de tonalidades e cores, resultou visualmente muito bem.

   Ainda dentro do estudo dos elementos básicos da comunicação visual não poderíamos deixar de referir a escala que, segundo Donis A. Dondis, constitui o processo no qual “o grande não exista sem o pequeno”. Na composição visual as várias figuras possuem tamanhos distintos, o que permiti estabelecer uma escala entre estes. De facto, os símbolos icónicos representados na composição possuem diferentes tamanhos. Estes foram atribuídos de forma aleatória, contudo esta distinção entre os tamanhos das figuras, aquilo a que chamamos de escala, tem uma intenção específica: impedir a monotonia visual, conferindo uma maior variabilidade e diversidade à capa/CD. No fundo, este propósito vai ao encontro, mais uma vez, da mensagem da música: quebrar a rotina e monotonia do nosso quotidiano.

   Para finalizar, o grupo achou conveniente elaborar um esquema que identificasse os elementos básicos da comunicação visual presentes na composição. É importante referir que nem todos os elementos visuais se encontram representados. O esquema apenas faz referência aos elementos que se encontram mais presentes. Por outro lado, apenas é dado um único exemplo para cada um deles, dada a infinidade de possibilidades que podemos encontrar para cada elemento visual. São estes: o ponto, a linha, a forma (quadrado e círculo), a direção (horizontal-vertical e curva), o tom, a cor e, por fim, a escala.

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Esquema identificativo dos elementos básicos da comunicação visual presentes na composição.

  • As técnicas de Comunicação Visual

   Donis A. Dondis afirmou que “as técnicas visuais oferecem ao artista e ao leigo os meios mais eficazes de criar e compreender a comunicação visual expressiva, na busca de uma linguagem visual universal”. Estas técnicas assumem extrema importância na interpretação e compreensão da mensagem visual, existindo como polaridades, isto é, abordagens díspares. Na análise que se segue é apenas feita referência a cada um dos pólos, neste caso ao que se encontra inerente na composição. Assim, como a abordagem dos elementos básicos da comunicação visual, procuraremos explicar de que modo é que cada técnica está presente na composição, bem como os significados simbólicos a elas alusivas.

   Em primeiro lugar, salientamos o equilíbrio. O equilíbrio é uma técnica que transmite harmonia, estabilidade, ordem. De facto, assistimos a um equilíbrio entre os vários elementos representados na composição. Por outro lado, estes valores vão ao encontro da música que alerta-nos para a importância de encontrarmos harmonia com a vida. Assim, não só por questões estéticas ou visuais, mas também pela própria mensagem da música, o equilíbrio é uma constante no trabalho.

   Como referido anteriormente, antes da composição foram selecionados os diversos elementos representativos das cidades de Los Angeles, Londres e Paris. Pretendemos que estes elementos formassem uma totalidade, um pleno equilíbrio a que se chama de unidade. “A junção de muitas unidades deve harmonizar- se de modo tão completo que passe a ser vista e considerada como uma única coisa” (Donis A. Dondis). É o que, de facto, se sucede na medida em que todos os elementos simbolizam no seu conjunto o ato de viajar, abordado na música selecionada e que procuramos, assim, representar na composição.

   Todas estas unidades simples e mínimas encontram-se diretamente relacionadas com uma outra técnica: a economia. Procuramos, igualmente, que os elementos se mantivessem subtis (subtileza) e uniformes entre si. Se observarmos a composição verifica-se uma neutralidade entre os diversos elementos, pois não há nenhum em particular que se destaque no meio dos restantes.

   Durante a componente prática do projeto, ficou decidido separar as várias figuras de acordo com a cidade que cada uma destas representa. Apesar da enorme variação dos elementos, foi estabelecida uma regularidade, uma uniformidade entre estes, que passaram a obedecer a uma ordem e lógica própria. Esta previsibilidade conferiu um padrão, uma sequencialidade às figuras representadas: no plano superior encontram-se os símbolos icónicos associados à cidade de Los Angeles, no plano inferior esquerdo encontra-se representada a capital francesa e, por último, no plano inferior direto encontram-se os símbolos alusivos à cidade de Londres.

   Falta-nos aqui mencionar outra técnica visual, quiçá a mais presente na composição: a simplicidade. Quer o CD como a capa do mesmo, destacam-se por serem, acima de tudo, simples. Contudo, é uma simplicidade visualmente atrativa e que resulta muito bem esteticamente. Trata-se, segundo Donis A. Dondis, de uma técnica “livre de complicações ou elaborações secundárias”. Precisamente o mesmo estilo de vida que a banda OneRepublic aconselha com o seu tema “Good Life”. De facto, a simplicidade possui um duplo sentido no trabalho desenvolvido.

   A elaboração do projeto demonstrou a abrangência e a constante presença que os elementos e as técnicas visuais assumem, não única e exclusivamente ao nível da comunicação visual como também em contexto real nas demais situações do quotidiano.

  • Reflexão final

A viagem da descoberta consiste não em achar novas paisagens, mas em ver com novos olhos.” (Proust, Marcel).

   Esta citação sintetiza todo o trabalho que foi sendo desenvolvido e que serviu, inclusive, de inspiração em vários momentos do projeto. Aqui, a palavra “descoberta” pode ter distintos sentidos. Por um lado, pode simbolizar o espírito de aventura e descoberta que a música procura incitar em que a ouve. Por outro lado, esta descoberta pode ser encarada num sentido mais metafórico, indo ao encontro das nossas expetativas e objetivos para o trabalho.

   De facto, um dos objetivos primordiais nesta primeira proposta consistia em desenvolver a nossa sensibilidade visual e ver o que o que nos rodeia com “novos olhos”. Um olhar atento, delicado e particularmente sensível às questões visuais durante o nosso quotidiano. Neste sentido, consideramos que ambas passámos por um verdadeiro percurso de descoberta, vendo e percebendo com “novos olhos” o que é este imenso e infindo mundo de Design de comunicação visual.

 

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