Tipografia final + Memória descritiva

Memória descritiva – “Cem mil portugueses não podem comer glúten”

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 A presente memória descritiva explica e contextualiza minuciosamente o desenvolvimento da segunda proposta de trabalho. Ao longo do projeto, procuramos aprofundar os nossos conhecimentos sobre aquele que é considerado um dos elementos mais importantes na área de design: a tipografia.

(Link do artigo – http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/saude/cem-mil-portugueses-nao-podem-comer-gluten)

   Após a escolha do artigo, foram surgindo várias ideias para a realização da composição. Após algumas ponderações, chegamos à conclusão que a melhor forma de representar a doença celíaca seria efetivamente a espiga de trigo, na medida em que a doença é causada pela intolerância ao glúten, uma proteína que se pode encontrar no trigo. Para a espiga de trigo utilizamos as várias frases que compõem o artigo. Esta escolha tem, na verdade, um significado subjacente. Ao manter as frases que compõem o artigo procuramos representar a informação. Informação esta que não é divulgada o suficiente e à qual não lhe é atribuída a sua devida importância, mesmo tratando-se de uma doença que afeta um número substancial de portugueses. Na imagem abaixo pode-se encontrar a espiga de trigo, um dos elementos visuais centrais da composição.

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Figura 1: Elemento central da composição tipográfica – a espiga de trigo, visto que a doença celíaca é causada pela intolerância ao glúten, uma proteína que se pode encontrar no trigo. 

   Nesta fase surgiram algumas dúvidas em relação às cores a utilizar na composição, não fosse este um dos elementos mais importantes em design. De facto, as cores têm uma extrema importância visual e uma forte carga simbólica. Posto isto, foram realizados vários testes ao nível da cor. As imagens abaixo representadas correspondem às duas versões que foram selecionadas. As cores utilizadas na segunda versão foram as escolhidas para a composição tipográfica final, por serem cores mais fortes e apelativas, causando, assim, um maior impacto ao nível visual.

 

   Numa composição tipográfica, cada letra, cada palavra, cada sinal conta e faz a diferença. De facto, a escolha do tipo de letras que se vai utilizar faz toda a diferença para o público que recebe e perceciona a mensagem comunicada. Cada tipo de letras transmite, consoante as características da fonte, um conceito diferente. Assim, sabíamos que a escolha da fonte para a composição tipográfica não podia ser, de todo, aleatória e sem critério. Segundo uma das citações do designer James Felici, a beleza não está apenas na linguagem – está também presente na forma como é apresentada.

“Typography is what communication looks like.

There is beauty in the language and beauty in the way it is presented.” (James Felici)

   Neste sentido, e estando cientes que as letras funcionam como uma matéria visual de extrema importância, procuramos estar particularmente atentas no que diz respeito às fontes de letra. Contudo, e após algumas indecisões, optamos por utilizar uma fonte comum e simples – a fonte arial. Tal facto justifica-se pela simplicidade que procuramos prezar desde o início do projeto: sensibilizar as pessoas para uma doença desconhecida por muitos, mas fazê-lo de uma forma simples e subtil. Por outras palavras, a escolha da fonte de letra foi ao encontro de um dos valores que mais procuramos estimar ao longo do trabalho – a simplicidade, a singeleza, a naturalidade.

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Figura 4: Fonte de letra utilizada – Arial. 

   No entanto, e por saber que a maioria das pessoas não tem conhecimento da doença celíaca, surgiram algumas dúvidas relativamente à essência da mensagem e se esta seria inteiramente compreendida por parte do público. Deste modo, procuramos destacar a palavra que está na origem da doença – “Glúten”. Ao dar o devido destaque à palavra, diminuir-se-ia, assim, o risco de a mensagem comunicada não ser totalmente compreendida. Ao nível visual, decidíamos enfatizar a palavra através da conjugação de cores – fundo preto e preenchimento branco.

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Figura 5: A palavra “glúten” é a palavra de destaque da composição tipográfica. A doença celíaca é causada pela intolerância ao glúten, facto que é desconhecido por muitos. Assim, de forma a garantir que a mensagem era verdadeiramente compreendida, foi dado especial enfoque à palavra através do contraste preto-branco.

 

   Posto isto, ainda restavam algumas dúvidas relativamente à total compreensão da mensagem. Assim, já numa fase final do trabalho, decidimos colocar uma barra de cor vermelha sobre a espiga do trigo. Este sinal gráfico representaria, assim, a intolerância à proteína em questão. A ideia surgiu do logótipo da APC – Associação Portuguesa de Celíacos – que usa também uma barra vermelha de forma a representar a intolerância a glúten.

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Figura 6: A APC, Associação Portuguesa de Celíacos, utiliza o mesmo sinal gráfico (a barra vermelha sobre a espiga de trigo) de forma a simbolizar a intolerância ao glúten e que está na origem da doença celíaca. 

   Efetivamente, ao observar as duas versões da composição tipográfica verifica-se que na segunda a mensagem é transmitida de forma mais eficiente, já que na primeira há a forte possibilidade de o observador não entender inteiramente a verdadeira origem da doença celíaca. De facto, a barra vermelha sobre a espiga de trigo simboliza de forma mais eficaz e intuitiva a intolerância ao glúten. Desta forma, garantimos que a mensagem era compreendida na sua totalidade.

REFLEXÃO FINAL 

 “When I first started studying typography, I have to admit I found it tedious. It wasn’t until I managed to relate it to my own perception of the world that it started to fascinate me” (Jonathan Barnbrook, 1966 – )

   A realização da segunda proposta de trabalho permitiu a aquisição e consolidação de diversos conhecimentos ao nível tipográfico. Mais importante que isso, o presente trabalho possibilitou a descoberta daquele que é indubitavelmente um dos elementos mais importantes em design – a tipografia. De facto, a realização do segunda proposta de trabalho permitiu compreender a verdadeira importância da tipografia e a forma como esta está presente no nosso dia-a-dia. De facto, o conhecimento de elementos tipográficos é essencial aos designers, mas a verdade é que este imenso mundo tipográfico está em permanente contacto connosco durante o nosso quotidiano. Como explica Jonathan Barnbrook, designer gráfico britânico (1966 -), este apenas desenvolveu o interesse pela tipografia quando conseguiu relacioná-la com a sua própria perceção do mundo. E é este o verdadeiro fascínio da tipografia – descobrir como esta se encaixa em plena harmonia com o nosso mundo.

Escolha do texto

    Para iniciar o trabalho prático propriamente dito, tivemos primeiramente que selecionar um artigo ou notícia. O texto selecionado serviu de tema para a composição tipográfica. A notícia que por nós foi escolhida informa que cerca de cem mil portugueses são intolerantes ao glúten.

  A escolha do artigo foi, na verdade, bastante consensual visto que ambas temos conhecimento de pessoas que sofrem desta doença. Desta forma, com o presente trabalho, procuramos esclarecer de forma clara e sucinta o que é a doença celíaca e as várias limitações que os celíacos têm no seu quotidiano. Pretendemos, assim, criar uma forma de sensibilização por meios tipográficos, não fosse a tipografia uma linguagem capaz de evocar emoções para além das palavras faladas que esta simboliza.

(Link do artigo – http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/saude/cem-mil-portugueses-nao-podem-comer-gluten)

Cem mil portugueses «não podem» comer glúten

Mas só oito mil casos estão diagnosticados no país

   Cerca de 100 mil pessoas deverão ter doença celíaca em Portugal, mas só oito mil estão diagnosticadas, segundo a associação que representa os doentes intolerantes ao glúten, escreve a Lusa.

    A Associação Portuguesa de Celíacos lamenta este sub diagnóstico, que em parte se deve ao preço das análises específicas para a detecção da doença e que não são comparticipadas pelo Serviço Nacional de Saúde.

  «Pode pagar-se 250 euros por análises necessárias para a doença num laboratório particular e não há comparticipação. Algumas destas análises nem existem no sistema informático dos médicos de centros de saúde», refere Marina Van Zeller, que será eleita presidente da associação este sábado.

   Outro dos problemas que enfrentam os celíacos é o preço dos alimentos isentos de glúten. Um pacote de massa sem glúten pode custar quase quatro euros, enquanto uma embalagem normal pode ficar por menos de 0,70 euros. «Há pessoas, sobretudo neste momento de crise, que estão a atravessar grandes dificuldades e para quem é difícil aceder a estes alimentos», alerta Marina Van Zeller. Contudo, o único tratamento para os doentes celíacos é uma dieta isenta em glúten, proteína presente em muitos cereais.

   No próximo ano, as principais cadeias de hipermercados em Portugal deverão começar a produzir produtos brancos sem glúten. «Isto vai baixar significativamente o preço dos produtos», congratula-se a nova presidente da Associação Portuguesa de Celíacos.

   Ao nível estatal as famílias podem contar com um abono suplementar de doença crónica, mas Marina Van Zeller teme que possa vir a ser cortado face ao contexto de restrição orçamental. «Não tenho conhecimento de pais a quem este abono tenha sido retirado aos seus filhos. Mas sabemos de alguns adultos a quem já foi retirado», conta à Lusa.

   A doença celíaca pode surgir em qualquer idade, mas o normal é aparecer entre os seis e os 20 meses. Nas crianças, os sintomas mais comuns são diarreira ou prisão de ventre crónica, vómitos ou distensão abdominal. Nos adultos, são anemia e aftas recorrentes, alterações dermatológicas e cansaço crónico.

   A Associação Portuguesa de Celíacos realiza este sábado, em Lisboa, um encontro em que pretende fazer uma demonstração de cozinha prática sem glúten.

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Recolha fotográfica

   À semelhança da primeira proposta, uma das tarefas que tivemos de realizar foi uma recolha fotográfica. Desta vez o tema incidia na tipografia. Na verdade, não nos faltaram exemplos para fotografar. Efetivamente, a tipografia está presente em todo o lado: jornais, embalagens, montras, caixas de multibanco, etc. Enfim, a tipografia encontra-se em tudo o que nos rodeia. Assim sendo, tornou-se fácil identificar e registar fotograficamente exemplos da utilização da tipografia em contexto real. As fotografias foram tiradas na Rua da Cedofeita, Porto.

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A anatomia da tipografia

   Nesta publicação são explicados alguns dos conceitos básicos da anatomia das letras. A presente terminologia é usada para identificar as partes das letras e também as relações das letras entre si. O glossário que de seguida apresentamos foi essencial para a aquisição de conhecimentos básicos no que diz respeito às elementos tipográficos.

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Haste : O principal traço vertical ou diagonal do glifo («tronco»), elemento essencial de muitas letras  minúsculas e  maiúsculas.

Travessa: Traço horizontal ou oblíquo ligado apenas por uma das extremidades à haste vertical principal de uma letra maiúscula ou minúscula. Também se pode chamar de braço ou barra.

Barriga: O traço curvo que circunda o olho da letra. As partes redondas de letras como B, D, P, R ou a parte superior do g.

Ombro: A parte de um traço curvo originado na haste, como nas letras  h, n, m, r, também chamado de rebarba.

Olho: A pequena área fechada (com um orifício) resultante do traçado de certas letras, como no o, no alto do ou no p.

Gancho: A parte baixa das letras g, j ou y, também chamada de volta, perna ou cauda.

Espora: A pequena volta de algumas letras, como na base do t.

Versalete: Tipo com a forma de versal (letra maiúscula, ou de caixa-alta), com a altura da letra de caixa-baixa da fonte a que pertence. As versaletes são muito úteis para animalar títulos de seções, para acentuar palavras e frases importantes no meio de sentenças ou para marcar o início de um parágrafo.

Ênfase (diagonais de orientação): Também chamada de eixo, é o ângulo de inclinação formado pela diagonal de orientação das letras de caixa-alta e caixa-baixa, como em C, G, O, ou em b, c, e, g, o, p e q. Não confundir com a orientação característica das variações em itálico.

Glossário completo: 

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Webgrafia:

http://www.artedavisaodcv.blogspot.pt
https://tipodesign.wordpress.com

História e evolução da tipografia

   Na segunda proposta de trabalho foi nos proposta a realização de uma composição, a partir de um artigo ou notícia, recorrendo unicamente a elementos tipográficos. Tendo como tema-base a tipografia, o grupo achou conveniente iniciar a proposta com uma breve contextualização teórica sobre o tema que apresentamos de seguida.

   A tipografia (do gregos typos — “forma” — e graphein — “escrita”) é a arte e o processo de criação na composição de um texto.

   De certa forma a tipografia recua à epóca da pré-história, quando os homens primitivos esculpiam os caracteres nas paredes das cavernas em forma de desenho, para representar as tarefas do seu cotidiano.

   Já no século XV, provavelmente o século de maior importância na história da tipografia, esta surgiu como sinónimo de impressão. A difusão da tipografia deve-se à invenção do alemão Gutenberg. A partir da revolução tecnológica operada por Gutenberg, a escrita passou a ficar duradouramente fixada em letras de chumbo. Assim, em vez de manu-scritos, passou-se a dar uso à tipo-grafia. A partir de então, foram os mestres tipógrafos que orientaram a evolução das letras. Com a fundição de tipos, passaram a existir letras fundidas (de founts – «fontes»). A invenção de Gutenberg permitiu o desenvolvimento da língua, cultura e das ciências por toda a Europa.

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O primeiro livro europeu num prelo, a Bíblia de 42 linhas, data o ano de 1455. Foi o primeiro livro europeu impresso por processo industrial, na oficina de Gutenberg.

   O século XVIII foi, igualmente, um século deveras importante na história da tipografia. O chamado século das luzes foi, de facto, uma época de ouro para a tipografia, na medida em que atribuiu  ao livro impresso um dos elementos fundamentais para o avanço intelectual e social. A tipografia britânica aparece como novo fator comercial na concorrência das potências da Europa.

   No início do século XIX a revolução industrial trouxe inovações importantes na tecnologia impressa. No século XX nasce a composição controlada por computador, através de montagens virtuais, que resultam na chapa para impressão, com a vantagem de eliminar a etapa das montagens em filme. No início do século XXI, já existe a impressão digital, isto é, impressão é feita diretamente do computador.

   Esta é apenas uma breve síntese das principais etapas da história da tipografia. Hoje, a tipografia é, indubitavelmente, um dos elementos mais importantes na comunicação dos projetos de gráficos de design.

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“The better people communicate, the greater will be the need for better typography – expressive typography.” (Herb Lubalin)

Webgrafia:

http://tipografos.net/historia/gutenberg.html